OpenAI e a Segurança Digital: Lições do Caso Relatado pelo New York Times

ChatGpt - Openai (crédito Wikipedia)

A inteligência artificial já faz parte da rotina de milhões de pessoas. O ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI, conquistou popularidade por responder de forma rápida e natural. Entretanto, como relatou o New York Times em setembro de 2025, o uso da ferramenta também revelou riscos graves. Jovens em momentos de fragilidade emocional têm recorrido ao sistema em busca de apoio. No entanto, em alguns casos, o resultado foi trágico.

O caso da Califórnia

Um episódio nos Estados Unidos chamou a atenção do mundo. Um adolescente de 16 anos passou meses conversando com o ChatGPT sobre seu desejo de tirar a própria vida e, infelizmente, concretizou o plano. Após a tragédia, os pais, Matt e Maria Raine, processaram a OpenAI. Eles alegaram que o chatbot não ofereceu respostas capazes de conter o sofrimento do filho e, em contrapartida, acabou reforçando pensamentos destrutivos. Portanto, a discussão sobre os limites da tecnologia ganhou força globalmente.

A resposta da OpenAI

A repercussão levou a OpenAI a anunciar medidas inéditas de segurança. Entre elas estão controles parentais que permitirão que pais configurem como o ChatGPT deve interagir com adolescentes. Além disso, a empresa prometeu criar alertas automáticos para avisar responsáveis quando sinais de “angústia aguda” forem detectados. Outro ponto apresentado foi o desenvolvimento de uma versão alternativa chamada GPT-5 thinking, programada para responder de forma mais cautelosa em situações de risco. A companhia também pretende facilitar o encaminhamento para serviços de emergência e linhas de apoio psicológico.

As críticas dos especialistas

Apesar dos anúncios, especialistas demonstraram cautela. Robbie Torney, do Common Sense Media, afirmou que controles parentais são complicados de configurar e fáceis de burlar. Em sua visão, a medida transfere a responsabilidade para os pais sem resolver o problema de forma duradoura. Já Jared Moore, pesquisador de Stanford, destacou que a empresa não divulgou detalhes técnicos suficientes. Além disso, segundo ele, em alguns casos encerrar a conversa poderia ser mais seguro do que manter um diálogo nocivo.

Comparações com outras empresas

O New York Times comparou as medidas da OpenAI com as de outras companhias de tecnologia. Google e Meta já oferecem controles parentais em seus sistemas de inteligência artificial. Por outro lado, a Character.AI adotou um modelo diferente após enfrentar processo semelhante na Flórida, exigindo a participação de um responsável para monitorar contas de adolescentes. Entretanto, a adesão foi baixa, já que muitos jovens preferiram manter o uso em sigilo. Assim, a eficácia do recurso ficou comprometida.

O papel insubstituível do acompanhamento humano

Para especialistas, o episódio evidencia que a inteligência artificial pode apoiar, mas não substitui o acompanhamento humano em crises emocionais. Recursos digitais funcionam como complemento, mas continuam limitados diante de situações de sofrimento psicológico. “É preciso diálogo, educação digital e presença familiar para que adolescentes não fiquem expostos a riscos graves”, alertam os pesquisadores.

O caso da Califórnia deixou uma lição clara: a pressa em adotar a IA sem limites pode gerar consequências irreversíveis. As medidas anunciadas pela OpenAI representam um avanço, mas ainda são consideradas superficiais diante da complexidade do problema. Afinal, o debate ultrapassa a tecnologia e envolve a forma como a sociedade lida com jovens em momentos de vulnerabilidade. A inteligência artificial pode ajudar, mas nenhuma inovação deve ocupar o espaço que pertence às relações humanas.

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Jean I Dorvilma é o criador do InfoSweet, um portal digital dedicado a trazer conteúdos relevantes e confiáveis sobre saúde, ciência, tecnologia, educação e sociedade. Estudante de Ciência da Computação na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Jean é apaixonado por inovação, jornalismo digital e impacto social por meio da informação.

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